ATA DA CENTÉSIMA VIGÉSIMA
QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA
SEXTA LEGISLATURA, EM 17-12-2015.
Aos dezessete dias do mês
de dezembro do ano de dois mil e quinze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e
quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida por Airto
Ferronato, Delegado Cleiton, Dr. Raul Fraga, Engº Comassetto, Fernanda
Melchionna, João Carlos Nedel, Lourdes Sprenger, Mauro Pinheiro, Mendes
Ribeiro, Mônica Leal, Paulinho Motorista, Paulinho Rubem Berta, Paulo Brum,
Prof. Alex Fraga e Waldir Canal. Constatada a existência de quórum, o
Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram
Alberto Kopittke, Bernardino Vendruscolo, Carlos Casartelli, Clàudio Janta, Dr.
Cristaldo, Dr. Goulart, Dr. Thiago, Elizandro Sabino, Guilherme Socias Villela,
Kevin Krieger, Marcelo Sgarbossa, Márcio Bins Ely, Mario Manfro, Reginaldo
Pujol, Rodrigo Maroni, Séfora Gomes Mota, Sofia Cavedon e Tarciso Flecha Negra.
Em prosseguimento, foi apregoado o Ofício nº 1442/15, do Prefeito, encaminhando
o Projeto de Lei do Executivo nº 045/15 (Processo nº 2914/15). Também, foi
apregoado o Ofício nº 126/15, do Presidente, informando que Idenir Cecchim
representará externamente este Legislativo, hoje, na outorga do Título de
Cidadão de Bento Gonçalves a Flávio Loch Savaris, às dezenove horas, em Bento
Gonçalves – RS. A seguir, Delegado Cleiton formulou Requerimento verbal, deferido
pelo Presidente, solicitando a dispensa do uso da indumentária prevista no
artigo 216, inciso III, do Regimento. Em continuidade, foi iniciado o período
de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a tratar do projeto de extensão e pesquisa em
Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades, desenvolvido pelo Departamento de
Medicina Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
Compuseram a Mesa: Paulo Brum, presidindo os trabalhos; Aloyzio Cechella
Achutti, professor aposentado; Maria Inês Reinert Azambuja, professora do
Departamento de Medicina Social da UFRGS; Paulo Piza Teixeira, representando a
Organização Mundial de Saúde; e Liliane Dreyer da Silva Pastoriz, promotora de
justiça. Em continuidade, o Presidente concedeu a palavra a Aloyzio Cechella
Achutti, que se pronunciou sobre o tema em debate. Em COMUNICAÇÕES,
pronunciaram-se Jussara Cony, Engº Comassetto, Dr. Raul Fraga, Fernanda
Melchionna, Waldir Canal, Sofia Cavedon, Dr. Goulart, Alberto Kopittke, Dr.
Thiago e Carlos Casartelli. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se Jussara
Cony e Engº Comassetto. Os trabalhos foram suspensos das quinze horas e
cinquenta e cinco minutos às quinze horas e cinquenta e seis minutos. Em GRANDE
EXPEDIENTE, pronunciaram-se Rodrigo Maroni, em tempo cedido por Séfora Gomes
Mota, e Sofia Cavedon. Em PAUTA, Discussão Preliminar, 1ª Sessão, estiveram os
Projetos de Lei do Legislativo nos 254, 265, 285, 286 e 287/15 e o
Projeto de Resolução nº 042/15. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se Clàudio
Janta. Às quinze horas e trinta e quatro minutos, o Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os vereadores para sessão extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos por Mauro
Pinheiro, Paulo Brum e Waldir Canal e secretariados por Jussara Cony. Do que
foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada
pelo 1º Secretário e pelo Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra.
O SR. DELEGADO
CLEITON (Requerimento): Sr. Presidente, solicito que possamos permanecer
sem os paletós tendo em vista o calor, pois o ar-condicionado não está
refrigerando o suficiente.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Conforme o Requerimento do Ver. Delegado Cleiton,
está liberado o uso do paletó nesta tarde.
Passamos às
Hoje este período é
destinado a tratar do Projeto de Extensão e Pesquisa em Saúde Urbana,
Ambiente e Desigualdades, desenvolvido pelo Departamento de Medicina Social da
UFRGS. Convidamos para compor a Mesa o Dr. Aloyzio
Achutti, Professor aposentado; a Dra. Maria Inês Reinert Azambuja, Professora
do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da UFRGS; Dr. Paulo
Piza Teixeira, representante da Organização Mundial de Saúde e a Dra. Liliane
Dreyer da Silva Pastoriz, Promotora de Justiça dos Direitos Humanos. Sejam
todos bem-vindos.
O Dr. Aloyzio Achutti está com a palavra.
(Procede-se à apresentação em PowerPoint.)
O SR. ALOYZIO
CECHELLA ACHUTTI: Exmo. Sr. Presidente, Exmos. Srs. Vereadores, amigos, companheiros, cidadãos, boa tarde.
Antes de terminar 2015, ano no qual eu fui honrado com o Título de Cidadão
Porto-Alegrense por iniciativa do Exmo. Ver. Waldir Canal, com entusiasmo,
aproveitamos a oportunidade para apresentar um pouco do que nos motiva, em
consonância com os nobres objetivos desta Casa e visando à qualidade de vida da
população da nossa Porto Alegre.
Assim como evoluímos das cavernas para a
complexidade da vida urbana, a medicina, que é a minha profissão e que se
iniciou como um ritual que cuidava do moribundo e seus familiares, passou a se
antecipar ao dano final, tratando mais precocemente dos doentes, antecipando-se
ao prevenir doenças. Mais recentemente, preocupa-se em promover a saúde,
envolvendo-se com todas as circunstâncias nas quais doenças se desenvolvem,
tentando atuar antes que elas apareçam, protegendo, em cooperação com os
cidadãos que compõem a população.
Não são somente bactérias e vírus ou processos
degenerativos mal compreendidos os responsáveis por doenças e mortes precoces.
Saúde e doença estão relacionadas com a vida que a população leva hoje,
predominantemente, em cidades.
É importante o comportamento grupal, mas estão
determinado por características humanas, muitas delas comuns a todos os
animais. Eu chamo atenção em especial e acho que todos temos que nos preocupar
com o Circuito da Recompensa, que está do lado direito daquele organograma, que
mostra a interação do indivíduo dentro de toda a sociedade, todos os fatores
que influem na determinação da qualidade de vida. Esse Circuito da Recompensa é
fundamental para o aprendizado e para a própria preservação da espécie.
Tendemos a repetir o que nos dá prazer e segurança, e a fugir ou agredir o que
nos causa dor, medo ou frustração. A urbanização acompanha e determina
desenvolvimento, mas tem deixado um rastro de problemas não resolvidos e uma
parte da população para trás, comprometendo a sustentabilidade e a própria vida
no Planeta, como já vem acontecendo em vários bairros de nossa própria Cidade.
Conforme nós nos deslocamos, nós vamos encontrar pessoas ou grupos de pessoas
que vivem, no momento atual, com todo o desenvolvimento, mas vamos encontrar
algumas que ainda estão em escala de desenvolvimento em nível tribal, muito
primitivo. Parece que nos comovem mais os problemas e perigos em escala
mundial, enquanto somos menos sensíveis com os vizinhos de nossa cidade.
Mesmo aposentado, há 20 anos, como professor
universitário, estou ligado ao grupo de pesquisa e extensão Saúde Urbana,
Ambiente e Desigualdades do Departamento de Medicina Social da UFRGS. Formamos
um núcleo transdisciplinar de professores, alunos e cidadãos com interesse na
promoção da saúde através do referencial urbano, modo de vida escolhido
atualmente pela maior parte da humanidade.
Grande parte da cura e prevenção de doenças não
está na mão dos médicos, nos hospitais, nem nas farmácias; mas está aqui, onde
se discutem e se fazem as leis que regem a vida urbana, e na mão dos cidadãos
capazes de informar e eleger os responsáveis pela política. Nossos alunos não
podem se formar alienados, com a ilusão de que detêm o poder de vida e morte.
Por isso agradecemos, mais uma vez, a oportunidade desta visita, que abre uma
janela e um canal de comunicação para uma parte da Cidade que não faz parte de
nosso cotidiano. A cidade, ao mesmo tempo em que facilita o acesso a muitos
recursos pela proximidade, mantém alto nível de segregação e torna evidente a
desigualdade de renda e de outros indicadores de desenvolvimento humano em
consequência da qualidade de vida. Essa visibilidade pela proximidade tende a
agravar o afastamento entre os privilegiados e os menos dotados, contribui para
a redução da autoestima e para o aumento da sensação de rejeição, compromete a
cidadania e é motivo de agressividade.
O desenvolvimento científico e tecnológico, uma das
grandes conquistas da humanidade, paralelamente à urbanização, tem seu fomento
nas universidades e motivação na concentração de riquezas e poder, mas com
distribuição muito desigual em todo mundo pondo em risco a nossa própria
existência.
A sustentabilidade desse desenvolvimento, bem como
a regulação da atividade poluidora e predadora foram objeto de duas grandes
reuniões internacionais no corrente ano. Uma delas discutiu os objetivos do
desenvolvimento sustentável; e a agenda internacional que parte do Banco
Mundial e da ONU, que se foca em investimentos saúde e educação.
Aqui são duas estatísticas mostrando a distribuição
de renda pelos bairros da Cidade. E lá o diferencial, desde o centro até a
Restinga, que é um com que nós estamos preocupados, mostrando a grande
diferença na distribuição de renda. Aqui, um dos indicadores que nós usamos,
com relação à qualidade de vida, que é a expectativa de vida e a mortalidade
infantil. Ambos intimamente ligados à renda e à distribuição pelos bairros da
cidade de Porto Alegre, e vê-se a grande diferença.
Esses são os objetivos de desenvolvimento, que são:
redução da pobreza, redução da fome e segregação alimentar, saúde, educação,
igualdade de gênero, empoderamento da mulher, água e saneamento, energia,
crescimento econômico, infraestrutura, industrialização, desigualdade, cidades
– tudo isso tem a ver com a Cidade –, consumo e produção sustentáveis, mudanças
climáticas, oceano, biodiversidade, paz, justiça a parceria.
Isto é uma vista do nosso pôr do sol; mais uma do
nosso Guaíba. Quando a gente olha a Cidade de longe ou numa imagem, é uma
maravilha da natureza, mas, na realidade, na medida em que nós descemos e nos
aprofundamos nas ruas da Cidade, encontrando as pessoas, nós encontramos não
tanta beleza.
Estes dois mapas, um mostra a esperança de vida ao
nascer – é trabalho de um dos nossos colegas, Dr. Bassanesi – e, o outro, os
estratos socioeconômicos. E vê-se que há uma superposição, há uma zona de
concentração, aquela mais clara, onde estão as pessoas que vivem em condições
melhores e que têm uma expectativa melhor de vida. Até ele disse numa ocasião,
numa exposição, que, na medida em que nós nos afastamos do centro para a
periferia, nós podemos dizer que perdemos um ano de vida a cada quilômetro que
nos afastamos dessa zona. Aqui é a mesma coisa, mostrando um exemplo de algumas
vilas e a distribuição por grupos etários, a pirâmide populacional e que é
também completamente diferente com uma população mais idosa e com mais jovens e
crianças nas zonas menos desenvolvidas.
Esta foi a reunião que era sobre o clima, que
também tem a ver com tudo isso. E nós fazemos parte disso, e se dizia que o
futuro começa hoje. Eles estavam gritando, dizendo isso. Na realidade, eu acho
até que começou ontem, mas nós não podemos ficar para trás e temos que nos
juntar a esse grupo. A nossa espécie, embora tenha enorme potencial criativo,
na realidade tende a repetir o aprendizado.
Eu pus aqui
uma fotografia de um pombo – faz um mês que foi publicado –, mostrando que um
pombo treinado é capaz de identificar neoplasia de mama através de cortes
histológicos e de imagens tão bem quanto os radiologistas e especialistas,
mostrando que nós temos uma capacidade muito grande de aprender e de repetir as
coisas. Na realidade, isso nós temos que levar em conta. Isso se faz
estimulando o mecanismo da recompensa, que está ligado à propina, com o prazer,
com a satisfação em conseguir um objetivo, e o inverso também é verdadeiro. A
partir disso é que nós achamos que a punição é capaz de desestimular, mas,
infelizmente, não é bem assim. A punição, muitas vezes, acaba baixando a
autoestima das pessoas, e elas ficam agressivas e, muitas vezes, incendeiam,
depredam e não tendem a conservar as cosias na melhor forma.
Então eu acho que há algumas coisas que temos de
aprender, que a ciência já nos oferece, sobre as quais podemos trocar ideias e
tentar encontrar caminhos que façam com que a nossa Cidade, que já tem fama com
o Fórum Social Mundial e outras iniciativas, possa cada vez dar mais frutos.
Na Universidade estamos à disposição para poder
discutir e ajudar no que estiver ao nosso alcance. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. JUSSARA
CONY: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Considero este
momento de extrema importância não só para a nossa Casa, mas também para um
outro mundo possível e necessário. Eu lembro aqui o ano de 1962 quando entrei,
pelo último concurso da UFRGS antes do golpe militar, como funcionária
administrativa da Universidade. Escrevente datilógrafa, fiz toda a carreira
administrativa. Volto a 1972, momento da reforma universitária, tempo em que
fui nomeada primeira Secretária dentro da Faculdade de Medicina, exatamente no
Departamento de Medicina Preventiva, Saúde Pública e Medicina do Trabalho. Foi
no mesmo ano que, por influência desse departamento, fui ser farmacêutica. Eu
digo que volto a este tempo histórico e estou muito feliz por poder dizer essas
coisas aqui, por receber todos vocês e, de forma muito particular, o Professor
Achutti. A História é sempre a nossa aliada quando precisamos enfrentar
momentos estratégicos, para podermos continuar, por exemplo, nesta Nação um
projeto de desenvolvimento econômico, político, social e, antes de tudo, para
que tudo isso ocorra, democrático. Há um valor maior que se levanta que é a
democracia. Eu aprendi isso dentro da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul.
Professor Achutti, através do senhor, lembro do
Professor Poli Marcelino Espírito, médico vindo da ESEF, que foi nosso primeiro
Diretor do departamento. Eu tenho que lembrar do Gilberto Fossati, que veio da
Odonto; tenho que lembrar do Luiz Francisco Terra, que veio da Farmácia, que,
para mim, foi o maior incentivador para me tornar farmacêutica; eu tenho que
lembrar do Resende, médico também;
tenho que lembrar do Luiz Busnello, médico, também, psiquiatra; tenho que
lembrar do Jorge Ossanai, médico; da Anita Meister, enfermeira. E a par de todo
o aprendizado que eu tive, primeiro, na Medicina e, depois, que sai do
Departamento e fui chamada para trabalhar na Farmácia, já como estudante e
profissional administrativa, tenho que dizer que, dentro de toda a minha
carreira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Departamento de
Medicina Preventiva – hoje Departamento de Medicina Social –, foi onde tive
decisões importantes na minha vida, e eu só tenho gratidão por isso. Hoje, essa
gratidão se revela aqui também, porque foram decisões históricas, para mim,
pois segui uma carreira, uma profissão. Essa concepção, felizmente, esse
Departamento continua tendo – que o Dr. Achutti nos traz – de saúde pública,
social, coletiva, de equipe multidisciplinar. Essa concepção é estratégica para
o nosso Sistema Único de Saúde. E de lá eu consegui dar esse salto exatamente
para me inserir, com muito ardor, como presidente da Associação dos
Farmacêuticos do Rio Grande do Sul no movimento da reforma sanitária, na
construção do nosso Sistema Único de Saúde. Se não tivesse passado por esse
processo e por esse Departamento, talvez o meu rumo tivesse sido outro. Então,
é com muita gratidão que venho aqui e vou pedir ao nosso Presidente para que me
dê meu tempo de Liderança, porque vale o meu tempo de Liderança ser usado neste
momento.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Jussara Cony prossegue a
sua manifestação, a partir deste momento, para uma Comunicação de Líder.
A SRA. JUSSARA
CONY: Esse movimento da reforma sanitária é liderado por um grande nome, o
Sérgio Arouca, e tantos outros de nós, o Fiocruz sempre presente. Nós chegamos
à 8ª Conferência Nacional de Saúde, como delegada, inclusive, do meu sindicato,
Sindicato dos Farmacêuticos. Eu, como Vereadora já nesta Casa, de 1983 a 1988,
tive a oportunidade de ter sido a depoente pela União dos Vereadores do Brasil,
na Assembleia Nacional Constituinte, exatamente, na perspectiva de reforma
urbana e reforma sanitária, que não dá para desligar. Como não dá para desligar
de outros setores que vamos trabalhar aqui. Então, sinto muita gratidão, muita
gratidão mesmo. Hoje, sou Conselheira Estadual das Cidades, eleita na 5ª
Conferência pelos Vereadores do Rio Grande do Sul.
Estou trazendo todas essas coisas aqui, e, neste
meio-tempo, quero agradecer ao Ver. Waldir Canal, que trouxe essa temática de
dimensão universal. Eu, que já conversei com o Vereador, me atrevo a fazer essa
proposta. Eu e o Ver. Janta estamos representando a Câmara no Fórum Social
Temático e em todos os fóruns sociais. Conforme estava falando com o Professor Achutti,
estive em uma reunião, em Salvador, no mês passado ou retrasado, da Comissão do
Fórum Social Mundial, que está construindo o fórum no Canadá – inclusive, os
canadenses estavam lá e deram uma contribuição extremamente valiosa.
Amanhã, teremos reunião às 8h30min, e eu quero propor, Ver. Waldir
Canal, que a Câmara Municipal insira, na agenda das atividades
autogestionáveis, a seguinte parceria: Câmara Municipal, Confederação Nacional
das Associações de Moradores – Conam, Departamento de Medicina Social da UFRGS,
OMS, através, inclusive, dessa relação com a Fiocruz, para termos atividades
autogestionáveis ligando à reforma urbana, que, aliás, ao lado da política, da
tributária e de várias outras reformas, é um dos resgates, também, da reforma
sanitária.
Estamos vindo da 15ª
Conferência e estamos em um embate enorme para o SUS não se tornar
complementariedade, mas, sim, cada vez mais público e cada vez mais a serviço
de um projeto de desenvolvimento nacional. Nós fazemos reforma urbana, que é
uma das reformas estruturantes para o nosso desenvolvimento político,
econômico, social e democrático. Aliás, sem reforma urbana, ligando com saúde
urbana, ambiental e desigualdade, como colocaram aqui, exatamente.... Qual é o
nosso foco? É como superarmos as desigualdades em um País tão rico, que tem a
maior riqueza centrada na sua diversidade humana e cultural e, por outro lado,
na sua biodiversidade. É a maior biodiversidade do mundo. O complexo industrial da saúde foi criado na gestão do Ministro da
Saúde Temporão. Quando éramos diretores do Grupo Hospitalar Conceição,
participamos ativamente do Governo do Presidente Lula. O complexo industrial da
saúde prescinde, Professor Achutti, de tudo isso que o senhor está colocando
aqui para nós. Não tem como separar, não tem como fazer o desenvolvimento de
uma Nação sem fazer essas transversalidades. Por exemplo: qual é a reforma
urbana que nós queremos? O que foi a 5ª Conferência? Nós queremos reforma
urbana já, habitação e toda estrutura em volta. Estamos dizendo isso: nós
queremos o Minha Casa, Minha Vida, com infraestrutura em volta, com posto de
saúde, com creche, com dinâmica de cultura, porque a cultura estratégica,
inclusive, foi ponto de vista da nossa soberania. Nós queremos mobilidade
urbana. Que Cidade nós queremos? Nós queremos saneamento, saúde, ambiente e
controle social. É nesse sentido, também, que hoje vocês aqui, Dr. Achutti,
reforçam algo fundamental no Departamento de Medicina Social, neste momento
estratégico e de uma dimensão política enorme que o Ver. Canal traz aqui.
Reforçam algo que está em discussão, que eu quero ver se consigo levar para o
Fórum Social e Mundial, que é uma lei nossa, que está no Gabinete da
Prefeitura, no sentido de nós criarmos o Conselho Municipal das Cidades, que
Porto Alegre ainda não tem. E sem esse conselho, sem controle social, nós não
vamos adiante.
Então, eu falei um pouco dessa história como uma
forma de gratidão mesmo! Gratidão a essa perspectiva de homens e mulheres, que
dentro da nossa Universidade – e em várias universidades – são a ligação da
Academia. Para que ela serve? Serve para o desenvolvimento da ciência e da
tecnologia, com a ligação da tradicionalidade, do conhecimento popular e
tradicional, porque temos que entender que o papel da Academia é ligado com
esses movimentos sociais – e a nossa querida Dra. Liliane sabe bem disso,
porque ela tem essa postura e nos ajuda muito.
Então, muito obrigada e que a Universidade se
orgulhe, cada vez mais, desse Departamento, porque esse Departamento tem
história de homens e mulheres que dedicaram a sua vida à Universidade Federal
do Rio Grande do Sul.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ENGº
COMASSETTO: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu tenho
feito, aqui nesta tribuna, inúmeros pronunciamentos que vêm ao encontro da sua
fala, Prof. Achutti, e lhe explico melhor. Considero que uma das grandes
degradações da humanidade se deva ao distanciamento que a urbanidade vem construindo
entre as pessoas e a compreensão da essência da natureza. E isso associado,
obviamente, ao modelo consumista capitalista vem distanciando, cada vez mais,
as pessoas de compreenderem o ciclo da vida. E nós, que estamos nas funções
públicas, devemos nos dedicar a enfrentar e a resolver esses temas. Ontem eu
tive o prazer, no final da tarde, de estar lá na Lomba do Pinheiro quando
inauguramos uma rua, cuja proposição que fizemos esta Casa aprovou, em
homenagem ao Deputado constituinte Adão Pretto. E lá falávamos na constituição
da Lomba do Pinheiro, que tem 95% de sua comunidade irregular sob os olhos da
urbanidade. E comentávamos também que as crianças da periferia hoje, Dr. Raul e
Dr. Casartelli – os dois médicos que estão aqui neste plenário –, apresentam um
falso desenvolvimento na estética corporal, porque são gordinhas, mas essas
mesmas crianças são subnutridas e têm um conjunto de doenças, entre elas a
diabetes infantil, decorrente do grande consumo principalmente dos amidos com
as gorduras hidrogenadas – os famosos salgadinhos que se apresentam em todas as
comunidades, principalmente nas periferias. Eu pedi para deixar aqueles dois
mapas que o senhor apresentou, e quero aqui fazer uma reflexão com os meus
colegas e fazer uma afirmação aqui, que nós, os 36 Vereadores, temos uma dívida
com a cidade de Porto Alegre no que diz respeito ao tema reforma urbana e
reestruturação urbana da Cidade. E aquele mapa que o senhor apresentou ali, com
a expectativa de vida e o extrato socioeconômico da cidade de Porto Alegre, eu
vou ficar com o segundo, que é do extrato socioeconômico de Porto Alegre. O que ele nos
apresenta aqui? Do Centro em direção ao Moinhos de Vento, pegando o Menino
Deus/Praia de Belas, é onde há a maior expectativa de vida e a maior renda de Porto
Alegre. Quero dizer que, nos últimos dez anos, é onde estão concentrados todos
os investimentos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. As 17 obras, com os
recursos do PAC, estão todas concentradas nesse eixo, que fica da 3ª Perimetral
para o Centro. A periferia foi abandonada nas grandes obras e nas obras de
infraestrutura, e isso aumenta a desigualdade. O único projeto que tem uma
incidência global é o socioambiental, que são U$ 585 milhões, que tinha uma
projeção e foi executado com outra. E aqui quero fazer um registro. O
socioambiental realizou as Estações de Tratamento, realizou os dutos que levam
o esgoto, mas não canalizou os esgotos de todas as vilas irregulares de Porto
Alegre. O esgoto das vilas irregulares continua caindo nos arroios Dilúvio,
Capivara, Guabiroba, Salso, Lami e nos seus afluentes. E cai na orla...
O
SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Engº Comassetto prossegue a sua manifestação, a partir deste momento, para uma Comunicação de
Líder.
O SR. ENGº COMASSETTO: Obrigado, Sr. Presidente.
Eu presidi a CUTHAB junto com meus colegas Vereadores – Delegado Cleiton,
Cassio Trogildo, Clàudio Janta, Dr. Goulart e Séfora Mota –, e nós fizemos mais
de 20 audiências públicas para tentar evitar os despejos. São 22 mil famílias
com reintegração de posse. E a Prefeitura de Porto Alegre, a gestão
Fortunati/Melo lavou as mãos para o tema da habitação e da reintegração de
posse em Porto Alegre. Há denúncias de que as casas do cadastro do Programa
Minha Casa, Minha Vida estão sendo vendidas, e a Prefeitura não apresenta as
respostas para isso – lá na Restinga e região. Há grileiros no meio disso aí.
Nós, como Poder Público, não devemos nos pautar nessa relação. E aqui nesta
região, onde está em preto na apresentação, pega lá a Zona Norte, o Eixo Baltazar,
o Santa Rosa, o Rubem Berta, e vai até o Lami. Ali, nesta região, estão 90% das
750 vilas que são irregulares. Se as vilas são irregulares, elas não estão no
mapa da urbanidade; se não estão no mapa da urbanidade, as pessoas que ali
estão não têm endereço; se as pessoas que ali estão não têm endereço, elas não
têm os serviços básicos de saneamento, de transporte, estruturado e dentro de
um projeto de urbanidade.
Portanto, sob o meu
ponto de vista, essas pessoas estão excluídas da cidadania, e aí é uma opção,
sim, de avanço ou retrocesso político; ali, naquela região, também é onde hoje
estão acontecendo as maiores irregularidades e ocupações irregulares. Ontem
esteve a Procuradoria aqui, e nós cobrávamos uma postura daquele órgão quanto a
isso; o que não está acontecendo.
Ver. Paulo Brum, eu
faço aqui a denúncia, neste momento. Hoje, lá na Chácara do Banco, entre a
Restinga e o Lami, está havendo uma ocupação neste momento, em frente a uma
área, um latifúndio que é do Ronaldinho Gaúcho. Está ocorrendo outra no Rincão;
está ocorrendo outra na Restinga; está ocorrendo outra lá no Lami, entre o
futuro bairro Boa Vista e o Lami. E a Procuradoria deixa que isso aconteça, a
Prefeitura deixa que isso aconteça, e, depois que as pessoas se instalam, usam
a força para retirá-los.
Então, quero dizer
que o Programa Socioambiental fez um desserviço à cidade de Porto Alegre,
quando não conectou os esgotos das vilas irregulares – acaba de chegar o Dr.
Goulart, que é médico –, todos nós sabemos que cada real investido no
saneamento básico evita um futuro gasto de R$ 5,00 na estrutura da saúde
pública. A saúde do indivíduo está diretamente ligada à saúde da urbanidade.
Eu não quero
falar aqui só na questão crítica. Eu tenho proposto a esta Casa fazer o debate
para propormos um plano de reforma urbana para a cidade de Porto Alegre; um
plano para discutir entre a cidade vertical ou a cidade horizontal; entre
adensarmos em regiões onde estão os projetos de infraestrutura ou deixarmos
adensar como está acontecendo, hoje, para além da cidade urbana, destruindo o
patrimônio natural. Não há recursos de infraestrutura, de serviços e segurança
para as pessoas que lá moram, e essas pessoas têm o sonho de adquirir a casa,
mas ficam desprotegidas do sonho da cidadania. Então, eu quero cumprimentar a
equipe, por meio do Sr. Professor Achutti, por trazer esse tema. Falo também ao
meu colega Ver. Kevin Krieger, Líder do Governo, que venho, mais uma vez,
propor que nos debruçamos para tratar do mapa para a reforma urbana de Porto
Alegre, porque tudo o que está em marrom, no seu mapa, é onde está a grande
desigualdade da Restinga. E eu – que moro além Restinga e tenho uma relação
direta com a comunidade, assim como outros colegas aqui – fiquei
preocupadíssimo em o senhor dizer que a Região da Restinga é a que tem a menor
renda de Porto Alegre. Eu já sabia que era o Extremo-Sul, como também sabia que
o Extremo-Sul tem o maior índice de analfabetismo de Porto Alegre e é onde tem
a menor incidência da Educação Infantil. Portanto, nós teremos que combater
qualquer política clientelista que for oferecida para essa Região; nós queremos
infraestrutura urbana. O tema da reforma urbana, para nós, está no centro,
volto a propor o debate nesta Casa. Um grande abraço. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Dr. Raul Fraga
está com a palavra em Comunicações.
O SR. DR. RAUL FRAGA: (Saúda os componentes
da Mesa e demais presentes.) É com muita satisfação que os recebemos com um
tema tão importante e tão permanente na sociedade. Nós, que militamos na área
da saúde pública há muitos anos – eu sou da ATM 79 da UFRGS, desde 1977 já
trabalhava no Hospital de Pronto Socorro. Desde essa época, venho atendendo às
comunidades mais carentes da Cidade; em todos os cantos da Cidade – da Restinga
à Zona Norte, nas Ilhas, na Zona Leste, no Partenon – para vocês terem uma
ideia, só no Murialdo eu já atendi em sete unidades de saúde. E fiquei muito
satisfeito com a referência feita ao Dr. Busnello, que foi quem iniciou aquela situação. Mas quando vemos que as
pessoas realmente estão trabalhando, diagnosticando, prospectando medidas que
possam realmente fazer avançar a nossa saúde urbana, sabemos que isso está
ligado diretamente ao nosso ambientalismo, à nossa questão ambiental. Cada vez
mais vemos este boom de construções,
essas unidades habitacionais extremamente próximas umas das outras, com uma
infraestrutura que, muitas vezes, não tem como acompanhar a rapidez geométrica
com que as pessoas se instalam. Isso tudo traz uma dificuldade muito grande
para as administrações em geral. Eu militei na criação do SUS. Criamos o SAMU,
que já fez 20 anos, por exemplo; tínhamos três ambulâncias em Porto Alegre: os
Anjos da Guarda; hoje, temos o SAMU, que está em nível de Brasil.
Todos acham algum tipo de reclamação, porque
para quem não faz nada ninguém reclama, agora, para quem faz alguma coisa
sempre vai ter reclamação. Então, procuramos estar sempre do lado daqueles que
fazem alguma coisa. Deixe que reclamem, mas as pessoas estão sendo beneficiadas.
O nosso objetivo é beneficiar as pessoas, é fazer com que as faculdades de
Medicina formem médicos capacitados. Não adianta, por exemplo, termos um número
muito grande de faculdades de Medicina e formarmos profissionais pouco
capacitados. Nós temos que achar o equilíbrio nessas coisas. Muitas vezes, o
equilíbrio está no bom senso. O bom senso, muitas vezes, é difícil de ser
construído, mas uma vez que a gente chega lá, conseguimos um bem-estar social e
vemos, assim, que a saúde, como todos sabemos, é um bem-estar coletivo, social,
mental, enfim, em todas as áreas, principalmente na área física, também, que é
a principal, porque, se não houver um bem-estar físico, nada acontece. Na
realidade, saber este diagnóstico e trabalhar para que a gente consiga resolver
essas questões é fundamental. Não é à toa, por exemplo que, na Legislatura
passada ou retrasada, teve um projeto, que foi a criação do Instituto Municipal
da Estratégia de Saúde da Família, para conseguirmos avançar na contratação de
pessoas que atendam os postos de saúde nas periferias. E foi contestado por
todos os sindicatos aqui. Eu relatei o projeto e participei da sua aprovação.
E, hoje, são mais de duas mil pessoas que estão trabalhando nas periferias, na
área de Saúde; são médicos, enfermeiras, auxiliares de enfermagem, enfim, dando
o que a população mais precisa, que é um atendimento, muitas vezes primário,
através também dos agentes comunitários de saúde. Então, a mensagem que a gente
deixa é que todos estamos permanentemente preocupados com a saúde como um todo,
com a saúde urbana, com o ambientalismo, porque estamos, no dia a dia, vivendo
no meio dessa poluição, e não sabemos bem até que ponto esses hidrocarbonetos,
esses carbonos não estão fazendo com que esse câncer seja espalhado pela
sociedade. Então, desejo tudo de bom para vocês, que o programa de vocês
continue sendo um sucesso. Saúde para todos! Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra em
Comunicações.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Quero cumprimentá-los pela apresentação e pelo trabalho que foi trazido por
vocês, na tarde de hoje, sobre o projeto de extensão e pesquisa em saúde
urbana, ambiente e desigualdades desenvolvido pelo Departamento de Medicina
Social da UFRGS. Quero pedir desculpas pelos óculos escuros que estou usando,
neste momento, em função de uma lesão na córnea. Muito interessante o trabalho,
meu colega Ver. Prof. Alex Fraga e eu prestamos atenção aos dados que vocês nos
trouxeram, por exemplo que a cada um quilômetro do Centro há diminuição na
expectativa de vida – um trabalho elaborado ao longo dos anos com relação às
desigualdades sociais históricas. Quero cumprimentar muito o Departamento de
Medicina da UFRGS, porque esse é o papel da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, nós sempre lutamos para que universidade fosse parte dessa luta contra
as desigualdades sociais. E também quero, ao mesmo tempo, dar um exemplar do
nosso trabalho da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e
Segurança Urbana deste ano, quando fizemos uma tentativa de análise das
desigualdades socioespaciais, com a reprodução de violação de direitos em
grupos vulneráveis e com os dados da segurança pública. Não é nenhuma novidade
que o ano de 2014 foi o ano mais violento da história de Porto Alegre, com mais
homicídios dolosos, com casos gravíssimos envolvendo a vida da nossa população,
e nós conseguimos demonstrar neste mapa que, lamentavelmente, as áreas mais
vulneráveis da cidade são as áreas que têm menos equipamentos públicos. É
justamente nessas áreas que têm menor expectativa de vida ao nascer – nós
utilizamos dados de 2010 – e nós vemos a concentração nas regiões Nordeste,
Restinga, Ilhas, Lomba do Pinheiro, como as regiões do Orçamento Participativo
que têm menor expectativa de vida ao nascer. Também as regiões como Nordeste,
Restinga, Ilhas, Lomba têm o maior número de mortalidade infantil. Na renda per
capita, de novo: Nordeste, Ilha, Lomba, Norte, Extremo-Sul são os locais com
menor renda per capita. E nós usamos esse infográfico que vai mostrando cada
uma das regiões do Orçamento Participativo por índice: expectativa de vida ao
nascer, renda salarial, mortalidade infantil, crianças de zero a cinco anos
fora da escola, e Nordeste, Extremo-Sul, Lomba do Pinheiro são as regiões da
nossa Cidade que apresentam maior número de crianças fora da escola. São 55%
das crianças de zero a cinco anos que não encontram vaga nas creches públicas e
nas escolas de educação infantil. E são justamente essas áreas de maior índice
de vulnerabilidade que têm os menores equipamentos. No gráfico, nós
apresentamos o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos; se pegarmos
o dado da cultura, nós vamos ver que 88% dos equipamentos estão na área central
de Porto Alegre, não estão nessas periferias; se pegarmos a demanda por
educação infantil, nós vamos ver que são essas regiões que se encontra, embora
seja um problema de toda a Cidade, o maior número de vagas de demanda reprimida.
Então é preciso enfrentar a questão da desigualdade socioespacial, é preciso
dividir renda, é preciso descentralizar os equipamentos e garantir, sim, mais
direitos sociais, mais direitos humanos aos grupos vulneráveis, à população em
situação de rua, às crianças e adolescentes, às mulheres, aos negros e negras,
aos LGBTs. E ao mesmo tempo em uma visão com essa complexidade nós temos
convicção de que vão melhorar as políticas com relação à segurança pública,
inclusive esses índices vão diminuir, porque um problema tão complexo precisa
ser discutido de uma forma que veja todos esses fatores que levam a essas
estatísticas terríveis. Concluo, Presidente, dizendo que, de 2012 a 2014, 30
mil crianças evadiram-se da escola em Porto Alegre e não voltaram. Treze mil
voltaram pela mão do Ministério Público, Conselho Tutelar e da própria escola,
mas 30 mil crianças não voltaram. E o Dr. Sidinei Brzuska, no lançamento do
mapa, nos disse que, a cada um ano de estudo a mais, a
possibilidade de envolvimento com a criminalidade diminui em 10%. Então, é
preciso discutir as coisas com profundidade. Que bom que todo esse projeto de
extensão está sendo desenvolvido, e esse é um papel fundamental que a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Ministério Público, a Organização
Mundial da Saúde têm cumprido e têm apoio e reconhecimento da nossa Comissão de
Direito do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana da Câmara.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Obrigado,
Vereadora. O Ver. Waldir Canal está com a palavra em Comunicações.
O SR. WALDIR CANAL: (Saúda os componentes
da Mesa e demais presentes.) Quero cumprimentar, em especial, o nosso
palestrante, Dr. Aloyzio Achutti, agradecer pela sua presença e disponibilidade
de vir à Câmara de Vereadores para trazer um assunto tão importante para a
Cidade, tenho certeza de que esse é um tema que diz respeito aos Governos tanto
em nível estadual, municipal como federal. Nós temos, infelizmente, visto que
os governos não têm privilegiado como deveriam essa ação preventiva no sentido
de prevenir doenças, moléstias. Por isso, nós temos vivido, Dr. Achutti, as
epidemias, como a dengue, o zika, a chicungunha. Volta e meia vêm doenças
pré-históricas que estão criando problemas. A atual epidemia do zika, estamos
tendo uma geração vítima dessa doença, e é a prevenção que vai poder resolver
isso. A prevenção, o cuidado no saneamento básico, o investimento em nível
estadual, federal e municipal no tratamento da água, do esgoto, da qualidade de
vida daqueles que moram em áreas carentes, não só nas áreas carentes, mas em
toda a Cidade. Onde houver uma ação que possa coibir e educar – a população
precisa ter um processo de educação –, é preciso que, através desse trabalho
científico, desse trabalho de extensão da universidade, os Governos façam
parcerias com vocês; é preciso que a Secretaria de Saúde do Município e do
Estado aproveitem esse trabalho científico, um trabalho que está lá dentro da
comunidade, conforme o Professor Achutti nos relatou aqui, para uma parceria
com o trabalho científico daqueles que detêm o conhecimento, mas que, muitas
vezes, não detêm o poder financeiro para poder executar as ações que realmente
são necessárias.
Então, este momento que nós estamos vivendo aqui na
Câmara, nós também queremos dizer que a Prefeitura de Porto Alegre tem feito um
trabalho importante, mas ele pode melhorar, ele pode ser acrescido através de
tudo aquilo que foi tratado aqui nesta tarde. A saúde urbana depende de vários
fatores que são políticas de Governo, políticas para a Cidade. Nós temos aqui
vários médicos comunitários que atendem, trabalham lá na base, lá na comunidade
carente, que sabem muito bem. Muitas gestantes que acabam tendo dificuldade com
seus filhos, desde o pré-natal; as pessoas, quando vem aquele momento de
enchente; isso tudo é saneamento, política de Governo, tratamento da água, do
esgoto, asfaltamento das vias, quer dizer, nós precisamos trabalhar na
prevenção. Os governos precisam ter atenção na prevenção, porque o preço é
muito caro, como nós estamos vendo crianças nascendo com estes problemas que
serão para a vida inteira. Muitos até poderiam ser evitados, mas, infelizmente,
estamos vivendo, e o Rio Grande do Sul, Porto Alegre do Sul, Porto Alegre, não
está imune a isso. Não está imune! É uma ação que depende da população, de um
movimento da Cidade, dos munícipes, de todos, para que possamos reverter,
combater esse mal, que tem sido um problema sério.
Quando eu falo que nós precisamos dos Governos, nós
não podemos admitir que o Brasil fique na posição 75 do Índice de
Desenvolvimento Humano, perdendo lugar para o Sri Lanka. Isso mostra que nós
temos que bater em cima; nós, Vereadores, a população, nós precisamos nos
mobilizar e buscar reverter essa situação, para que haja uma mudança no quadro que
aí está. O papel do Governo Federal é importante, assim como o do Governo
Estadual e o do Município.
Eu quero agradecer a presença de todos vocês aqui,
da população que nos assiste, das pessoas que estão acompanhando este debate.
Que elas possam, cada vez mais, se informar e também participar deste processo
de mudança da nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Eu
quero dizer que, em função de outro compromisso, não consegui assistir à
apresentação, por isso estava espiando as lâminas. Mas não posso deixar de me
manifestar, porque acho que entendi e já sei da relevância do trabalho e do
quanto é importante este Parlamento valorizar, conhecer, para ajudar a pensar a
cidade de Porto Alegre quando fazemos aqui os nossos debates sobre orçamento e
políticas públicas em especial.
Ontem tivemos aqui dois embates que considero
emblemáticos no que diz respeito à tomada de decisões. Uma lei alterou uma
pequena área da Cidade, lá na Estrada Gedeon, de “preferencialmente
residencial” para “mista”, com certeza com algum impacto urbano que, aqui na
Casa, nós não tínhamos como avaliar. Não havia debate com a comunidade, não
havia manifestação da comunidade, e, infelizmente, esta Casa, por ampla
maioria, se posicionou favorável ao Prof. Alex. Eu acho que votar dessa maneira
– aí é uma critica ao Parlamento, mas chegarei ao Executivo – é ser irresponsável
com a cidade de Porto Alegre e desconhecer trabalhos importantes como os que
vocês apontam – os elementos, as informações e as análises que vocês trazem
aqui de forma tão competente e dedicada.
Não dá para legislar, não dá para planejar a
Cidade, ou não planejar, sem fazer essa parceira estreita com quem pode fazer
todo esse estudo, evidenciar as informações que ali estão e que vão ajudar a
orientar as nossas decisões, nossas políticas.
De outro lado, ontem, também aqui, foi
supervalorizada a Procuradoria do Município. Inclusive, nem a colocação do teto
remuneratório do Prefeito sobre os seus salários foi possível aprovar neste
plenário. No outro lado da balança – eu coloquei ontem à tarde por duas vezes
–, está uma rede de proteção infantil, que é a rede de creches comunitárias. A
cidade de Porto Alegre ainda tem como principal política – ou vem se tornando
nos últimos anos –, uma política terceirizada, uma política de conveniamento
para o atendimento da Educação Infantil. Ali está o gráfico que combina
educação e renda per capita; e aqui já foi falado o quanto
isso incide sobre a perspectiva e a qualidade de vida. Então, enquanto se
abonam os já mais abonados, lamentavelmente, nas opções de gestão da
Prefeitura, são mantidos convênios deficitários, que pagam muito mal os
educadores, os espaços físicos são precários, ou seja, se faz educação pobre
para pobre.
Quero fazer esses dois registros, apesar de o Líder
do Governo me olhar obviamente aborrecido com isso, mas a nossa crítica é feita
em função de a gente, de fato, aproveitar este momento e chamar atenção para
que não façamos mais, enquanto Câmara de Vereadores – porque esse é o nosso
espaço –, votações porque o Município está convencido e manda para cá. Eu acho
que a maioria da Câmara ainda acha isso, e eu quero afirmar que votações como
as de ontem contrariam os elementos que são dados na cidade de Porto Alegre: a
necessidade de descentralizar recursos, a necessidade de investir na educação
com qualidade, de ampliar a cobertura com muita qualidade através de vagas,
através do atendimento em saúde. Eu já via ali a precariedade que acontece, por
exemplo, nas ilhas, que têm uma demanda imensa. Claro, isso está retratado na
qualidade de vida, na baixa escolaridade.
Quero encerrar a minha manifestação, Ver. Paulo
Brum, fazendo um elogio à Faculdade de Medicina. Eu tenho um filho que está
terminando o primeiro ano da medicina na UFRGS, e fiquei muito encantada
porque, no início do ano, fui chamada – como os outros pais e mães – para que o
curso fosse apresentado às famílias. Isso, para mim, foi uma surpresa absoluta,
porque as universidades, os outros cursos não fazem isso. Foi muito importante
e muito significativo, porque ali tinha um olhar para o humano, para o jovem
que estava entrando, os cuidados, as atenções, e tinha, também, uma
apresentação do que seriam os desafios e do que é a característica do curso. O
curso de medicina da UFRGS – hoje estamos comprovando aqui – tem um compromisso
social que eu desconhecia: a alteração curricular que houve; o meu filho já
está, desde o primeiro semestre – um guri de 19 anos – indo para os postos de
saúde, conhecendo o trabalho dos médicos, conhecendo a realidade social, os
usuários, homens e mulheres inteiros de corpo e alma, suas necessidades e seu
entorno.
Então, estão de parabéns, é emocionante ver a
formação da medicina da UFRGS. Com certeza, o trabalho que vocês fazem só
ratifica a visão que fiquei e o quanto estou admirando mais a minha
universidade através dos olhos do meu filho. O outro filho também já está no
mestrado. Mas, no caso da medicina – temos tantas broncas aqui, não é, Dr.
Thiago? –, faço esse elogio, é uma mudança muito importante que vem sendo feita
no currículo que, certamente, formará jovens, cidadãos e pesquisadores que
poderão nos ajudar a transformar a vida através das políticas públicas. Muito
obrigada pelo trabalho de vocês.
(Não revisado pela oradora.)
(O Ver. Waldir Canal assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em
Comunicações.
O SR. DR.
GOULART: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Continuamos sempre apreciando os vários artigos que o Professor Achutti
tem escrito na imprensa de Porto Alegre, principalmente sobre saúde e, às
vezes, sobre algumas reflexões da vida.
O assunto é o Programa
de Extensão e Pesquisa em Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades,
desenvolvido pelo Departamento de Medicina Social
da UFRGS. Que bom que eu possa chegar a esta tribuna e não fazer mais uma
grande reclamação de que as coisas não funcionam no Brasil e na cidade de Porto
Alegre. Não é essa a mensagem que eu quero trazer. Tive uma convivência muito
grande com o Flávio Presser, nosso querido ex-Secretário do DMAE, e posso
trazer uma mensagem aos senhores: ele trabalhou bastante e avançou muito no
saneamento básico, avançou muito no tratamento do saneamento. Nós aumentamos em
algumas dezenas os percentuais de limpeza através do saneamento básico. Quero
cumprimentar o Flávio Presser, que, agora, é Secretário Estadual. Não fui
protagonista nessa história, mas acompanhei.
Mas tive a sorte de ser protagonista em outros dois
assuntos. Um deles foi o transporte da Vila
Dique. Transpusemos para o Porto Seco 522 famílias, Professor Achutti, famílias
de proletários. Então, imaginem 3,5 mil, 4 mil pessoas... Que pena que a UFRGS
não estava estudando com a gente esse fenômeno urbanístico que aconteceu
através do PAC, com verba federal, com a ajuda do Prefeito – primeiro, o
Fogaça, depois, o Fortunati. Não tínhamos a UFRGS conosco, mas tínhamos uma ONG
estudando, a Trata Brasil. Essa ONG, Srs. Vereadores, nos deu uma informação
encantadora no final do ano em que fizemos a transposição. Depois do alto
índice de mortalidade infantil e neonatal, aconteceu uma coisa maravilhosa:
nenhuma criança morreu no ano em que transpusemos aquelas pessoas do lodo, dos
germes, das doenças para uma cidade limpa, através de água encanada e de
banheiros que eles nem conheciam direito, às vezes, como funcionavam. Esta ação
me encantou, e eu, como médico, embora ginecologista e obstetra, fiquei
encantado de não ter morrido uma criança. Poderia ter morrido por causas
externas; poderia ter atravessado aquela rua que ali tem do lado da nova vila e
ser atropelado, mas não aconteceu; poderia ter levado um tiro de bala perdida,
porque ainda acontecem, de vez em quando, tiroteios lá. Mas morrer de doença
infectocontagiosa, eu vou repetir, pela terceira vez, nenhuma, provando, de uma
maneira singela, sem grande aprofundamentos e estudos, a importância do
saneamento básico.
E a outra foi a transposição da Vila Chocolatão. Os
senhores lembram muito bem, ali perto dos tribunais, perto de onde ficam os
gauchinhos do 20 de Setembro, o quanto pegavam fogo aquelas casas: pegavam fogo
duas ou três vezes, por verão; uma dúzia de vezes pagaram fogo. Era uma miséria
absoluta, uma sujeira absoluta, uma falta de banheiros, falta de água. E nós
conseguimos transpor a Vila para Petrópolis. E lá, de novo, tivemos poucas
mortes, poucas doenças, mostrando, mais uma vez, como o serviço público, os
governos podem resolver o problema.
Muito me apraz receber uma intervenção da Ver.ª
Mônica Leal, atenta às coisas da sua Cidade.
A Sra. Mônica
Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigada, Ver. Dr.
Goulart. Eu quero cumprimentar o Dr. Achutti, Dra. Maria Inês, Dr. Paulo
Teixeira, Dra. Liliane, o Vereador que preside os trabalhos nesta tarde, e
fazer meu registro em nome da Bancada Progressista do PP – Vereadores Guilherme
Socias Villes, Kevin Krieger, João Carlos Nedel –, do qual eu tenho orgulho em
ser Líder.
Eu fiquei extremamente satisfeita, quando o senhor
utilizou a tribuna para falar após essa magnífica apresentação, que nos reforça
sentimentos da importância desse mapeamento por regiões, rendas, bairros, faixa
etária, informação, planejamento, execução. E o senhor, Ver. Dr. Goulart,
reforça essa questão do saneamento básico, do trabalho que fizeram, da
prevenção, em salvar vidas. Nós sabemos que é isso que tem que ser levado a
sério, daqui para frente: planejamento das cidades, em especial, da minha
aldeia, que eu estou aqui a falar. E eu lamento, profundamente, quando eu
assisto o uso da saúde pública para efeitos eleitorais. Então, é com satisfação
que eu cumprimento os senhores e as senhoras, que cumprimento o Vereador, meu
colega, porque nós sabemos muito bem que tivemos governos de 16 anos que
tiveram a oportunidade de fazer um trabalho preventivo de planejamento em
políticas públicas, e que nada foi feito. E nós não podemos, de maneira alguma,
subestimar a inteligência do povo e utilizar esta tribuna para dizer que a
Cidade está mal e que não está se fazendo nada.
Muito obrigada ao Dr. Goulart, o senhor é médico,
por colocar de uma forma tão clara, e aos senhores e senhoras por nos
apresentarem um mapeamento, um trabalho tão importante que nós, da Bancada
Progressista, vamos apoiar em tudo o que os senhores precisarem. Obrigada.
O SR. DR.
GOULART: Muito obrigado, Vereadora. Queria dizer aos senhores que falei em nome
da Bancada do PTB, em nome do nosso Presidente Paulo Brum, que ali está; em
nome do outro médico, Carlos Casartelli; e do meu querido amigo Elizandro
Sabino. Muito obrigado, que a UFRGS, atenta, continue salvando vidas ou pelo
menos dando a orientação para que os outros façam isso. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Paulo Brum reassume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Cumprimento de uma
forma especial a Dra. Liliane Dreyer, com quem tivemos a oportunidade de
trabalhar no ano passado, 2014, quando estive na presidência da Comissão de
Direitos Humanos e Segurança Pública. Montamos juntos um grupo permanente de
proteção aos direitos humanos na Cidade. Nós estávamos nos preparativos da Copa
do Mundo, existia um conjunto de inseguranças e turbulências – moradores de
rua, algumas comunidades. Fizemos um trabalho 24 horas, preventivo, e acho que
ajudamos a Cidade a atravessar muito bem aquele período, ajudando os Poderes a
conversarem e agirem de forma preventiva, não depois da violação cometida. Esse
foi um trabalho que realmente vou guardar como uma maravilhosa lembrança deste
período na Casa, papel, inclusive, que o Legislativo pode ter proativo também.
Eu não ouvi
a apresentação do trabalho, portanto não vou ousar comentar, mas ouvindo os
colegas compreendi a pesquisa e gostaria de destacar a importância de formular
políticas públicas junto com a Academia, com pesquisa, com avaliação de impacto
quantitativo, qualitativo. O dinheiro público não pode ser gasto na base do
achismo, meramente na ideologia de esquerda ou de direita, ou no que o
governante do momento quer ou pensa. Deve ser com base no que a ciência tem
para nos apoiar.
Eu ingressei agora no doutorado em Políticas
Públicas, da UFRGS, e tenho a Medicina como um exemplo na área em que trabalho.
A minha irmã é Doutora pela Fundação de Medicina, com ela aprendo muito sobre a
trajetória da Medicina, desde o movimento sanitarista, essa grande virada de
paradigma ocorrida ao longo de 50, 60, 70 anos, que, com a redemocratização do
Brasil, conseguiu aflorar e fazer uma revolução paradigmática na política de
saúde.
Quero destacar para a área de segurança pública.
São áreas muito próximas, estamos falando também da saúde, só que na segurança
o nosso campo ainda não passou por uma abordagem cientifica. Nós continuamos,
especialmente no Brasil, trabalhando com base em tradições arcaicas,
conhecimentos transmitidos meramente pela função de autoridade. Lido com isso
no dia a dia. Quando vou falar, olham para mim e já anulam qualquer pesquisa,
qualquer conhecimento advindo da pesquisa dizendo “esse não tem conhecimento
prático, só fica nos livros”, e já anulam. É um campo que ainda vive no tempo
da ditadura, onde a Academia não podia formular, não podia pesquisar. Isso se
mantém como uma pesada herança neste campo, e não conseguimos evoluir; as
decisões tomadas não são baseadas em evidências, não são baseadas em estudos;
aliás, não existem, não é que sejam mal tomadas pela direita ou pela esquerda,
simplesmente não utilizam o saber científico. Ainda estamos numa era
pré-histórica no campo da segurança pública no Brasil.
No ano passado, eu tive a oportunidade de fazer a
primeira edição do livro, junto com a PUC, com a UFRGS, com outros centros de
pesquisa, para que se pudesse dar um salto de qualidade na formulação das
nossas políticas, buscando a qualidade de vida na nossa Cidade. Devemos buscar diminuir essas desigualdades tão
absurdas que tão alto custo têm, como, por exemplo, a diferença de expectativa
de vida entre um morador do Centro e um morador das Ilhas. Um quilômetro de
distância e dez anos de diferença na expectativa de vida ao nascer, que
qualidade de vida é essa? Aparece em todos os campos essa desigualdade brutal
em que o nosso País ainda vive, e que temos, juntos, com conhecimento
científico, em todas as esferas, e conhecimento político, que interagir para
mudar. Muito obrigado pela presença de vocês aqui.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Dr. Thiago está com a palavra em
Comunicações.
O SR. DR.
THIAGO: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Por favor, Vereador.
O Sr. Airto
Ferronato: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Presidente Paulo
Brum, amigo Ver. Dr. Thiago, em nome do Professor Achutti vou cumprimentar
todos os visitantes em nome do meu partido, PSB – do Ver. Paulinho Motorista e
meu. Estamos aqui trazendo um abraço às senhoras e aos senhores, cumprimentando
pelo que se está buscando de conhecimento através das pesquisas que se realizam
na nossa UFRGS. Portanto, estamos aqui para cumprimentá-los e dizer da
satisfação que temos enquanto Vereadores aqui de Porto Alegre em ter a presença
das senhoras e dos senhores, aqui, conosco, na tarde de hoje. Obrigado pelo
aparte, Ver. Dr. Thiago.
O SR. DR.
THIAGO: Obrigado, Ver. Ferronato; Dra. Liliane, eu queria relembrar um pouco,
aqui, a questão da medicina baseada em evidências, Professor Achutti, a questão
da epidemiologia efetivamente nortear as nossas ações em medicina, nortear as
nossas atenções no tratamento, na prevenção, na profilaxia, no tratamento
precoce das patologias e na melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Eu queria lembrar que há muito tempo – ele
certamente vai me ouvir, assim que eu falar –, quando o Ver. Kevin Krieger
estava à frente da Secretaria de Direitos Humanos do Município, ele fez um
extenso e importante mapeamento de todas as regiões da Cidade; fez um estudo
acurado, e, do ponto de vista epidemiológico, Ver. Dr. Raul, irrepreensível, de
todas as regiões da Cidade. À época, o Dr. Pedro Gus era Secretário, foi meu
professor e seu colega na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e, ao nos
depararmos com o diagnóstico feito da Restinga, Extremo-Sul, eu era gerente
distrital de saúde naquela região, nós observamos que um dos principais
problemas de saúde pública daquela comunidade era a falta de acesso ao
planejamento familiar.
Ver. Dr. Raul, o senhor que é o precursor nesta
área, o senhor que implementou o projeto do Centro de Planejamento Familiar,
sabe que as mulheres, naquela época, como até hoje, não queriam ter seus
filhos, mas eram obrigadas a terem esses filhos. E essas crianças eram os
frutos de gestações indesejadas, muitos deles sem pai, o que acabava, sem
dúvida nenhuma, piorando a situação social, a situação familiar, a situação
dessas famílias.
Naquele momento, a FASC, a Secretaria de Direitos
Humanos e a Secretaria da Saúde, irmanadas, junto com o gabinete da
primeira-dama, Isabela Fogaça, de forma transversal e multidisciplinar,
implementaram um projeto de prevenção à gravidez indesejada e resgate da
cidadania. Naquele momento, utilizando todos os métodos, mas trazendo a do
implante subcutâneo, nós pudemos fazer a prevenção da gravidez indesejada em
mais de cinco mil mulheres em Porto Alegre. Foram utilizados 978 implantes,
para falar especificamente de uma parte do projeto, esses implantes foram
utilizados na
Restinga,
Extremo-Sul. A taxa de natalidade caiu pela metade em dois anos! A taxa de
natalidade na Restinga era de 2,4%, à época, e a média da Cidade era a metade
disso, era 1,2%. Então, nós pudemos dar a oportunidade de as mulheres não terem
os filhos que não queriam ter, isso fez toda a diferença na vida daquelas mulheres.
Eu trago esse exemplo claro para mostrar o quanto a epidemiologia, o quanto o
estudo aprofundado da nossa população, das suas condições de vida são
importantes para que nós possamos, efetivamente, planejar a saúde. Parabéns,
sem dúvida nenhuma, precisamos da Academia para melhorar a condição de vida das
pessoas cada vez mais.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos
Casartelli está com a palavra em Comunicações.
O SR. CARLOS
CASARTELLI: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Queria cumprimentar
a todos vocês e ao Professor Roger – que conheço há bastante tempo e tenho
orgulho de ter sido seu aluno no curso de Especialização em Saúde Pública. Já
faz alguns anos, mas tive um grande aprendizado no curso de Especialização em
Saúde Pública da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Poucas
cidades do País, certamente, podem ter o orgulho de ter uma universidade como
nós temos, que é a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E dentro dos
departamentos da universidade, eu não tenho dúvida – pelo menos, para nós que
amamos e trabalhamos na Saúde Pública – de que o Departamento de Medicina
Social da UFRGS tem uma importância ímpar no nosso contexto social, na nossa
Academia, e o trabalho que vocês fazem é de extrema importância. Não tenho
nenhuma dúvida de que a saúde pública, não só na nossa Capital, mas no nosso
País, precisa evoluir, precisa melhorar muito, precisa enfrentar os seus
problemas de vulnerabilidade social. E o gestor público, dentro das suas
dificuldades, que, muitas vezes, impedem que consiga dar a atenção para todos
os espaços em que é necessário desenvolver a saúde pública no País e na Cidade,
precisa se aproximar cada vez mais da Universidade.
Nós temos em Porto Alegre, embora muito precise
avançar, uma saúde que é considerada a segunda ou a terceira melhor do País, em
termos de indicadores, em termos de serviços prestados, em termos de estudos
acadêmicos.
Nós temos
uma Universidade que faz muitos trabalhos, que faz muitas pesquisas e que
avalia muito bem, como é o caso da Medicina Social, as vulnerabilidades da
população da nossa Cidade. Esta aproximação do conhecimento que vocês têm, do
conhecimento dos indicadores de saúde, com dados que são fidedignos, que não
ficam apenas no “fulano acha aquilo”, o outro acha uma coisa diferente... Não,
os dados da Universidade, os dados do Departamento da Medicina Social são
absolutamente confiáveis. A utilização desses dados e a aproximação do gestor
da Academia vão fazer, certamente, que tenhamos uma saúde pública e um
enfrentamento das vulnerabilidades sociais, seja na área de saneamento, em
todas as situações. A gente sabe que, embora muitos não considerem diretamente
como saúde – e nós mesmos, do sistema de saúde, não consideramos isso como investimento
em saúde, não está dentro quando se investe em saneamento básico, isso não
entra no cálculo do investimento em saúde, mas sabemos o quanto faz a diferença
o investimento em todas essas outras situações que vão melhorar, ao fim e ao
cabo, a qualidade de vida da nossa população, vai diminuir a mortalidade
infantil. Temos, nos últimos cinco anos, uma mortalidade infantil em Porto
Alegre, que foi sempre abaixo dos dois dígitos. Nos comparam, às vezes, dizendo
que Porto Alegre continua acima do Chile, acima da própria Cuba e outros
países. Temos muito que avançar, não tenho nenhuma dúvida, mas a Organização
Mundial de Saúde considera que, abaixo de dois dígitos, nós estamos no caminho
certo.
Essa aproximação com vocês, com a Medicina Social
da UFRGS, com a Academia, tenho certeza de que, com os dados que vocês
conseguem levantar e com a credibilidade que vocês têm, nós poderemos, sim,
fazer uma saúde com pouco investimento. Esses dias, eu estava conversando com
alguém da área de Economia. Dizer que não tem dinheiro na saúde não é bem uma
verdade; a saúde tem muito dinheiro, gastam-se aí R$ 70 milhões, R$ 80 milhões
só no Município de Porto Alegre, pelo Fundo Municipal da Saúde circulam esses
valores no Município de Porto Alegre por mês. É uma quantidade significativa de
recursos. Então, eu não digo que não há recursos; eu digo que esse recurso, que
parece muito para quem escuta a cifra, não é suficiente para se fazer tudo
aquilo que é necessário sem saúde pública na nossa Capital e no nosso País. O
investimento é aquém daquilo que seria desejado, mas é um volume significativo.
Se nós nos aproximarmos da Academia, se nós usarmos os estudos acadêmicos,
vamos poder utilizar esse recurso de uma forma mais adequada e, certamente,
vamos conseguir melhorar ainda mais os indicadores de qualidade de vida, da
expectativa de vida, de mortalidade infantil, de mortalidade materna, onde
Porto Alegre já atingiu a meta do milênio, tendo uma mortalidade materna – em
2014 – que é a metade da do País, mas eu tenho a convicção de que isso ainda
pode melhorar. Se nós estreitarmos a parceria Academia e gestão pública, nossas
metas serão alcançadas com muito mais facilidade. Parabéns a vocês pelo
excelente trabalho. Desejo que cada vez estejamos mais próximos – gestores
públicos, servidores públicos que trabalham na área da saúde pública,
Universidade e Departamento de Medicina Social da UFRGS – para que consigamos
atingir as nossas metas coma facilidade que desejamos. Parabéns pelo trabalho
que vocês fazem! Muito obrigado a todos!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Agradecemos a presença do Dr. Aloyzio, da Dra.
Maria Inês, do Dr. Paulo e da Dra. Liliane – que já foi. Estão suspensos os
trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h55min.)
O
SR. PRESIDENTE (Paulo Brum – às 15h56min): Estão reabertos os trabalhos. Passamos ao
O Ver. Rodrigo Maroni está com a palavra em Grande
Expediente, por cedência de tempo da Ver.ª Séfora Mota.
O SR. RODRIGO
MARONI: Boa tarde, Sr. Presidente Paulo Brum; demais colegas
Vereadores e Vereadoras, colegas da Câmara, público que nos assiste das
galerias e público que nos acompanha pela TVCâmara. Essa semana eu perdi meu
espaço de Grande Expediente, não pude fazer um relato completo, Ver. Carlos
Casartelli, e agradeço à Ver.ª Séfora Mota por ceder o tempo. Naquele mesmo
intuito de fazer um relato do que eu tinha acompanhado no Encontro
Internacional dos Animais, eu relatava aqui que vejo muitos colegas que pegam
um tema, por exemplo, o Dr. Raul trata do tema da saúde, o Ver. Paulinho Ruben
Berta é do movimento comunitário, e é importante a gente ter colegas que se
dediquem a aprofundar o seu tema e, de fato, conhecer o seu tema e tentar
aprofundá-lo. Eu, particularmente, comecei fazendo a proteção animal no
litoral, que é o local aqui no Estado de grande abandono. E agora vai chegar o
verão e as pessoas que acompanham o movimento da causa animal sabem que lá é um
espaço de descarte pelos motivos mais fúteis possíveis. As pessoas vão para
praia e muitas vezes não retornam... Parece algo eventual, mas não é; é uma
realidade bastante grande de animais que são deixados no litoral. E por ter
residido dois anos lá, eu presenciei isso e acabei me sensibilizando bastante
com essa causa, para depois retornar para Porto Alegre. Quero dizer para vocês
que eu acho fundamental pensar em políticas públicas para os animais, porque
hoje é inegável, não é mentira de ninguém, dizer que a maior parte dos animais
vivem do voluntariado. O nível de política pública que se tem nos municípios em
geral é quase nenhum, quase nada. Se falta dinheiro para todos os outros
setores, para os animais não há. E eu sei que depende muito da sensibilidade
para se perceber isso. Eu vinha comentando aqui, na segunda-feira, quando se discutia
iniciativas como a da cidade de Itapema, que fez um trabalho bacana, a partir
de multas de prédios que não tinham alvará ou que faltava algum tipo de
documentação, eles trocam essas multas por castração. Eu acho que as cidades
tinham que tomar essa iniciativa de fazer essa castração em massa, porque hoje
são, pelo menos aqui em Porto Alegre, quase 80 mil animais abandonados. E a
castração e a ração, lamentavelmente, na sua maior parte, vêm do voluntariado e
de poucas pessoas que se sensibilizam. Eu quero dizer, posso dar em números, do
número de animais em que eu estive envolvido em salvamentos ou atendimentos, em
atropelamentos, e não foram poucos. Diariamente recebo ligações e infelizmente
as pessoas ficam à mercê disso, porque não têm como recorrer a ninguém. Quero
comentar também que hoje eu recebi uma denúncia que lá na ocupação Bela Vista,
na Zona Norte – foram retirados os moradores de lá –, e, lamentavelmente, por
relato de alguns moradores – eu vou lá à noite, entre 19h e 21h –, vou
confirmar isso, se confirmar, independente de qualquer coisa, vou fazer a
denúncia na Prefeitura, no Ministério Público, pois disseram que as patrolas
passaram por cima dos animais que ficaram lá. Como as pessoas não tiveram tempo
de tirar as suas coisas, as suas roupas, as patrolas tocaram por cima. E dizem
que há filhotes lá, dezenas e dezenas de gatos, cães e filhotes que ficaram, e
as patrolas passaram por cima. Foram duas ou três pessoas que me ligaram. Eu
acho uma estupidez humana, algo abominável, uma atitude absurda, covarde e que
não pode ficar assim. Eu recebi denúncias e fui aqui no Centro de Porto Alegre esta semana, estive ali em duas
casas de comércios de animais. Uma delas tem arara, tucano e cobra.
Denunciou-se agora que, na Bienal, tinha um papagaio e, de fato, estava
correto. Eu pergunto que tipo de alvará ou que tipo de negócio que transita
nesse esquema para ter animais silvestres dentro de um comércio que fica aberto
12 horas pelo menos, com animais silvestres expostos? E eu convido aqui meus
colegas, se acharem que eu estou inventando ou que seja algo irrelevante, para
que vão ali. É bem fácil, é no Centro, bem perto da Prefeitura – há animais
silvestres expostos por 12 horas. É outro esquema que eu denunciei no
Ministério Público, porque eu acho que nada justifica um animal ficar exposto,
num comércio bem no Centro, um animal que deveria estar na mata, Ver. Villela,
e está ali, Ver.ª Mônica. Quero comentar também que nesta mesma loja, do lado,
os caras criam galinhas, pintos, em espaços de 30 ou 40 centímetros, dentro do
negócio. E eu sei que muitos riem, debocham, acham que isso não vale nada. Eles
estão a quase 40º C, eu fui ali e qualquer pessoa pode ver. Não tem nenhum
ventilador no ambiente, e os bichos são criados ali. E eu pergunto que tipo de
alvará permite isso, ou justifica isso, Ver. Prof. Alex? Eu não escondo aqui de
ninguém que sou protetor de animais domésticos, fundamentalmente o meu resgate
é em torno de cachorro, gato, animais de pequeno porte, porque é o que tem no
setor urbano, aqui na Cidade. Mas eu quero perguntar, se alguém tem dúvida de
que uma galinha ou uma ovelha, por não serem da preferência... Há muita gente
que ri... Eu quero dizer o seguinte: se tu és feio, tu não és preferido, tens
que ser diferente; se tu és negro, tu tens que ser diferente; se tu és
homossexual, tu tens que ser diferente. Só que tudo isso tem que se tratar com
igualdade. É o que eu defendo. A mulher, 30 anos atrás, não era tratada com
igualdade. E eu pergunto, porque um animal de uma espécie que a gente defende e
gosta é tratado de uma maneira e um outro não? São 58 bilhões de animais
abatidos de uma forma barata, canalha, rasa, como esse cara aí que tem
essas galinhas e ninguém as defende. Eu quero fazer um convite. Se tu fores
feio, tu tens que ser tratado diferente; se tu tiveres uma orelha grande, tu
tens que ser tratado diferente, porque tu és da espécie preferida, tu não és da
espécie que tem que ser defendida. E outra: a sociedade acha que quando compra
carne na embalagem não houve sofrimento. Não tem um animal abatido que não
tenha sofrimento. Tu achas que um animal que vê, na sua frente, o outro gemendo
de dor quando lhe é passada uma faca, que ele não sabe que vai morrer? Se
duvida que sente dor, que sente medo ou se debocha desse animal, eu convido
essa pessoa a olhar dentro do olhar da ovelha, dentro do olhar do boi e de um
cavalo, e ver a inocência que há num bicho que não tem como se proteger. Eu
faço um convite – Tarciso, tu que sofreste de racismo sabe disso –, imaginem
nos colocarem, como espécie humana, dentro de qualquer ambiente trancado, sem
poder falar e só sentir dor, porque é isso o que um animal passa. As pessoas
aqui acham um absurdo que, na China, se mata cachorro. Lá se come cachorro! E
aqui eu vejo algumas pessoas debochando por a gente falar de outros animais. Eu
sou o defensor número um, o meu trabalho gira em torno de cachorro. Eu morreria
por um cachorro e faço tudo o que posso. Quanto a esses animais de produção,
quero dizer que não defendo aqui que se mude a cultura do dia para a noite,
porque o nazismo demorou anos para ser mudado; quanto à homofobia, os travestis
até hoje sofrem preconceitos, e foram anos; o mesmo com as mulheres, com os
negros, foram anos. Mas os animais sofrem há mais tempo ainda. É uma cultura de
milhões de anos! E eu só quero aqui fazer um convite à reflexão para quando
forem comer aquele chester, tomar
aquele leite, comer aquele pedaço de carne, lembrem-se que, por trás dele,
houve, uma vida muito curta, uma vida muito triste e muito sofrimento. E tem gente
que debocha do que eu estou falando.
Para finalizar, eu queria dizer que o Rio Grande do
Sul – e quero dizer da vergonha que tenho de ser do Rio Grande do Sul – é um
dos Estados que mais abate e foi o último Estado, vergonhosamente, que acabou
com a caça esportiva, uma brincadeira idiota. Até pouco tempo, tínhamos
conhecidos na família que brincavam com arminha e que achavam absolutamente
engraçado matar bicho, matar animal, por esporte. E aí, Delegado Cleiton, eu
digo isso para ti, que és um lutador social: o Rio Grande do Sul foi o último
Estado, faz pouco tempo, pouco mais de dez anos, que acabou com a caça
esportiva. E este mesmo Estado tinha um local aqui chamado Quinta da Estância,
em Viamão, que, até pouco tempo, apresentava uma aula gratuita para as
crianças, abrindo porcos. A brincadeira – tu sabias disso? – era mostrar por
dentro, para as crianças que iam lá. Imaginem o nível de dessensibilização
dessas crianças! Como uma criança dessas vai achar que é mal matar um bicho,
maltratar um bicho, se eram levados para lá para aprender biologia abrindo um
porco? Eu quero dizer o seguinte: está aprovado na Psiquiatria – para quem está
duvidando do que eu estou falando, Dr. Raul, o senhor é médico, pode provar –
que qualquer pessoa, até aquela nossa avó, o nosso avô que puxava galinha pelo
pescoço, que tem coragem de abater um animal, que tem coragem de maltratar um
animal é uma pessoa com um desvio psiquiátrico. Está comprovado que uma pessoa
que mata um animal teria coragem de matar uma criança. Nos Estados Unidos –
para quem ri e debocha –, hoje, os animais são tratados pelo FBI como seres
humanos, Sofia, tu sabias? Se tu matares um animal lá, o crime é o mesmo que o
crime humano. Eu digo que o maior socialista, o maior revolucionário, o maior
lutador é aquele que defende os animais como seus iguais, porque quem se coloca
no centro da pirâmide para discutir as coisas, como se tivesse solução para
tudo e não defende o animal, eu não acredito que seja revolucionário. É uma
espécie que se acha um suprassumo de tido, uma espécie que deu certo. Eu,
particularmente, tenho vergonha da nossa espécie, muita vergonha! Eu acho que a
espécie que não deu certo foi a nossa, seguramente, é uma espécie gananciosa,
egoísta, que pensa só em lucro, em dinheiro, em passar o outro para trás! Eu
não vejo no olhar de nenhum animal esse tipo de sentimento. Então, quero dizer,
com todo o orgulho, inclusive àqueles que talvez debochem sobre o que eu falo
aqui, eu não tenho vergonha nenhuma de dizer que tenho orgulho em tentar ajudar
esses aí. Para finalizar, eu quero fazer um convite àqueles que talvez estejam
assistindo à TVCâmara, e aí é só para eles que eu faço esse convite, já que as
políticas publicas estão distantes. Hoje, esse papo de hospital público e tal,
que a gente está tentando viabilizar, que é o mínimo... Estão distantes as
políticas públicas para os animais. Não tem nada! Um animal – e eu conto aqui
com quem viveu – atropelado em Porto Alegre, ou em qualquer Município, se não
contar com a boa vontade de alguém, e a maioria das vezes não tem boa vontade,
morre ou fica ali por cinco, seis dias. Eu já resgatei animais, Elizandro, com
três, cinco dias atropelado, mas não atropelado assim... Eu pergunto aqui: quem
é que tem força emocional, é um animal que fica lá estuporado cinco dias... E
não é um caso, eu queria dizer aqui que foi um caso por mês. Eu quero dizer
que, com certeza, eu passo por 50, 60 casos por mês assim, de bicho
estraçalhado por três ou quatro dias sem ninguém para juntar. E não tem política pública para o animal que é espancado ou estuprado, não
acontece nada. Se tu olhares para o vizinho e vires pelo muro ele estuprando
algum animal lá atrás, podes ligar para quem for, que bem provavelmente não vai
acontecer nada, e eu apostaria 99% nisso. Então, já que basta, já que se
precisa da boa vontade das pessoas, porque ainda nós estamos – não diria
distantes, eu veria isso que estou falando, talvez, daqui a uns 10 mil anos,
por isso, muita gente ri –, a nossa espécie está muito atrás. Vou fazer um
convite para a questão do não uso dos fogos de artifício, lembrar o que é uma
criança no meio da guerra, ouvindo barulhos dos fogos de artifício. Brincar com
fogos de artifício, na minha opinião, é mais uma vergonha da espécie humana, é
só olhar para os animais para ver como eles ficam e vocês vão entender o que é
uma criança no meio da guerra sem poder se proteger.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Sofia
Cavedon está com a palavra em Grande Expediente.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver.
Paulo Brum; senhores e senhoras, eu prometo que usarei menos tempo e, nesse
sentido, já alertando os Vereadores que nós queremos começar as votações, que
são as últimas do ano. Quero fazer um registro que, nesta tarde, o Supremo
Tribunal Federal está discutindo sobre um processo correto ou
constitucionalmente correto de encaminhamento do processo chamado pelo Eduardo
Cunha, que está com Comissão de Ética funcionando, finalmente, no Congresso
Nacional, de impeachment da
Presidente Dilma. E a minha expectativa é de que a Justiça reestabeleça o
caminho da democracia da legalidade democrática neste País, que nós custamos
tanto a conquistar. Nós temos a compreensão de que os atos de ontem, em Porto
Alegre, que eu não pude acompanhar, porque votamos até as 19h30min, mas fui na
Esquina Democrática, onde havia grupos de estudantes que ainda se aglomeravam,
se manifestavam pela democracia contra o golpe e pela mudança da política
econômica. Essa é a generosidade e é caminho certo de quem se manifestou ontem.
Recebi fotos de Natal, de Belo Horizonte – com 20 mil pessoas lá –, belíssima
foto de Natal, que prometo organizar para mostrar aqui, talvez, na
segunda-feira da próxima semana. A grande mídia não deu a mesma cobertura, não
fez o chamamento que faz quando a manifestação é para um impeachment artificial, porque contra a Presidente Dilma não há
nenhum fato de crime identificado, de processo penal que ela esteja
respondendo, como, lamentavelmente, respondem muitos deputados, senadores,
vereadores, governadores, presidentes e prefeitos que seguem os seus mandatos.
Eu gostaria de trazer alguns elementos para
complementar a minha última fala. Eu trazia, objetivamente, a nova legislação,
de 2012 para cá, que permite, hoje, que delações premiadas aconteçam. E hoje é
o dia em que a André Esteves, Vice-Presidente do banco BTG Pactual, foi
liberado da prisão preventiva, mas sabemos que o processo deve continuar. A
legislação, que foi alterada em 2013, permite que corruptores também sejam
presos.
Lendo sobre as operações da Lava Jato da Petrobras,
eu quero aqui fazer algumas afirmações. Em 1996, quando o FHC era Presidente da
República, o jornalista Paulo Francis denunciava que todos os diretores da
Petrobras tinham dinheiro na Suíça, em conta de U$ 60 milhões. Paulo Francis
foi processado por esses diretores, que pediam uma indenização de U$ 100
milhões, nos Estados Unidos, e morreu de ataque cardíaco seis meses depois.
Ora, sabendo disso, Geraldo Brindeiro, Procurador-Geral da República, com essas
denúncias, nada fez. Depois, ficou conhecido como “engavetador
geral da República”. Pedro Barusco confessou que, em 1997, já recebia propinas.
No mesmo período, Alberto Youssef movimentou US$ 56 milhões na “conta tucano”,
do caixa das campanhas de FHC e José Serra. Mas o juiz Sérgio Moro entende que isso não importa e que, por isso,
não tem que investigar. Fernando Baiano, conhecido como operador
do PMDB, no esquema da propina, afirmou, que ainda no ano 2000, durante a
gestão de Fernando Henrique, celebrou contrato com empresa espanhola, na
Petrobras, a Union Fenosa, visando a manutenção de termoelétricas. E se refere
a propinas na época. Fernando Baiano conheceu Nestor Cerveró, da área
internacional, na época de Fernando Henrique; Cerveró era gerente da Petrobras.
Eu poderia trazer uma série de elementos, mas tem uma outra muito importante
sobre os corruptores. Em 9 de fevereiro de 2005 que o empresário Augusto
Ribeiro Mendonça Neto, dono da Setal Óleo e Gás, afirmou que um grupo de nove
empreiteiros se formou para combinar resultados na Petrobras, em 1990, durante
o governo de FHC. Um grupo de empreiteiros, em reuniões realizadas no hotel
Alameda, em Campinas, São Paulo, em 2001 e 2002, empresas, com o intuito de se
protegerem fizeram um acordo entre si de não competirem entre elas. Naquela
ocasião, eram nove companhias, cada uma determinava, por uma visão de mercado,
qual era a companhia, qual era a licitação que iriam disputar, e as demais se
comprometiam a submeter preços superiores. Quem afirma isso? Augusto Ribeiro
Mendonça Neto, em depoimento da delação premiada.
Então não só as propinas já são da época de FHC,
como também os corruptores se organizaram para dividir as licitações da
Petrobras desde 1990. Ora, vocês dirão: são delações premiadas. Mas são
delações premiadas que somente geram investigações de parte das relações do
período Presidenta Dilma e Presidente Lula. Isso é muito estranho! É muito
estranho que todas as evidências demonstram que, na verdade, exatamente pós
FHC, se fazem leis mais rígidas, que se faz a autonomia do Ministério Público,
através da escolha do primeiro da lista, Procurador-Geral da República, que se
fortalece, forma comissões no Ministério Público Federal e passa a investigar.
É pós-era FHC que são aprovadas as legislações anticorrupções, lavagem de
dinheiro, combate às organizações criminosas, Lei do Conflito de Interesses. É
pós-FHC que a Polícia Federal cresceu de 1.800 para 3.000 agentes, recebeu mais
de R$ 400 milhões de investimento em tecnologia, em equipamentos, em
possibilidades de investigação, e que 17 delegacias especializadas no combate à
corrupção foram criadas. Eu vou repetir: é pós-era FHC. Portanto, foi na era
Lula que 17 delegacias especializadas no combate à corrupção e desvio de
recursos públicos passam a construir todas essas operações que resultam nas
prisões, nos comprometimentos e na recuperação de recursos públicos. É
exatamente no período Lula e no período Dilma. A Polícia Federal, de 2003 a
2014, realizou 2.195 operações – 2.195 operações! – envolvendo investigações a
longo prazo, mobilização de policiais para efetuar várias prisões simultâneas,
com um saldo de mais 22 mil pessoas presas, sendo mais de dois mil servidores.
E isso tudo é pós-era FHC! E a corrupção, as propinas e os cartéis são de antes
da nossa era, quando começam a atuar achacando a Petrobras.
Os contratos sob investigação da Polícia Federal
somam um número recorde de R$ 15,59 bilhões em recursos públicos. Nos oito anos
de Governo PSDB, as operações da Polícia Federal não passaram de 40, muitas
delas frustradas. Eu vou repetir essa informação, e quem não tiver a mesma
informação, por favor, venha à tribuna para desmentir. Ver.ª Jussara, eu vou
repetir de tão importante essa informação: de 2003 a 2014, a Polícia Federal
realizou 2.195 operações envolvendo investigação a longo prazo, mobilização de
policiais – 22 mil pessoas presas! Eu vou repetir: durante os oito anos de FHC,
de PSDB, a Polícia Federal, Ver.ª Fernanda, Ver. Alex, só realizou 40
operações! Não passou de 40 operações! Quarenta, FHC; 2.195 período Lula,
período Dilma. Operações da Polícia Federal, identificando R$ 15,59 bilhões,
que podem ter sido desvirtuados. É muito importante que a minha fala fique
clara, eu não isento ninguém, seja do meu partido ou de outros. É muito
importante nós sabermos que quem está sofrendo com um possível golpe e sendo
condenada é a Presidenta que está fortalecendo as instituições: a Polícia
Federal, o Ministério Público, a legislação. E que está comandando, sim, uma
mudança institucional na relação público-privada neste País, histórica, que o
Brasil nunca viu, e que nós não vamos deixar recuar.
Eu iniciei a minha fala falando das manifestações
do dia de ontem, no Brasil inteiro, dos movimentos sociais. Os movimentos
sociais sabem disso, não passam a mão sobre ninguém, não dão acordo para a
atual política econômica, não dão acordo para o atual ajuste. Querem que a
democracia continue e que a virtuosidade do Estado se fortaleça, que essas
instituições se fortaleçam.
Eu encerro
dizendo: estão no Congresso Federal 13 novos projetos de lei contra o crime.
Entre eles, está o projeto de lei que pune enriquecimento ilícito de
servidores, projeto de lei que institui ação de perda de bens obtidos
ilegalmente, projeto de lei que estende a ficha limpa às nomeações para cargos
de confiança nos Três Poderes, projeto de lei que criminaliza a prática de
caixa dois nas eleições. São 13, estou citando quatro! Portanto, espero que o
Supremo Tribunal Federal, neste momento, recoloque nos trilhos o enfrentamento
ou o encaminhamento desse golpe, porque é golpe. Se a Presidenta Dilma nada tem
a ver com quaisquer desses crimes, depois de duas mil investigações, Ministério
Público completamente autônomo, tentar impedi-la na presidência é tentar
impedir que continuem as investigações, que continuem buscando os recursos que
foram roubados, que continuem coibindo corruptores e corruptos, que continuem a
reforma tributária e política; a política, que começou só com o fim do
financiamento empresarial. Esse é o caminho que os movimentos sociais não aceitarão,
o caminho do retrocesso, da volta à impunidade, da volta ao engavetamento de
todas as denúncias, como na era FHC, quando a Polícia Federal, no mesmo tempo,
praticamente, que Lula e Dilma, só fez 40 operações, para 2 mil operações no
período Lula e Dilma.
A virtuosidade do Estado Brasileiro, o momento
virtuoso e importante que estamos vivendo, deve continuar. A intenção do golpe
certamente é frear esse caminho, mas esse caminho o povo brasileiro não aceita
mais que tenha volta. O Estado brasileiro precisa ter a capacidade de coibir
corruptos e corruptores e voltar a crescer para quem mais precisa, ou seja,
para o trabalhador e para a trabalhadora.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 2673/15 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 254/15, de autoria do Ver. Idenir Cecchim, que
inclui a efeméride Dia Municipal do Rotary no Anexo da Lei nº 10.904, de 31 de
maio de 2010 – Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do
Município de Porto Alegre –, e alterações posteriores, no dia 23 de fevereiro.
PROC.
Nº 2097/15 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 042/15, de autoria do Ver. Cassio Trogildo, que concede a Comenda Porto do Sol ao senhor Silvio Roberto Gugu
Streit.
PROC.
Nº 2748/15 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 265/15, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Joel Fagundes o velódromo do Parque Marinha do Brasil, localizado no
Bairro Praia de Belas.
PROC.
Nº 2884/15 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 286/15, de autoria da Mesa Diretora, que institui
o Projeto Parlamento Jovem na Câmara Municipal de Porto Alegre.
PROC.
Nº 2883/15 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 285/15, de autoria da Mesa Diretora, que inclui
art. 50-N na Lei nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986 – que estabelece o Sistema
de Classificação de Cargos e Funções da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá
outras providências –, e alterações posteriores, criando a Gratificação pela
Atividade de Segurança Parlamentar (GASP) e dando outras providências.
PROC.
Nº 2885/15 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 287/15, de autoria da Mesa Diretora, que inclui
art. 50-M na Lei nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986 – que estabelece o Sistema
de Classificação de Cargos e Funções da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá
outras providências –, e alterações posteriores, criando a Gratificação pelo
Exercício de Atividades Especiais e de Apoio em Eventos (GEA) e dando outras
providências.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Não há Vereadores inscritos. Está encerrado o
período de Pauta.
O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, Presidente desta Casa; realmente, o
relato que a Ver.ª Sofia faz aqui nos mostra que é permitido crescer na
carreira política e, principalmente, na carreira dentro das empresas, ainda
mais no seu Governo. O Youssef cresceu, era um operadorzinho no Governo FHC e
virou um grande operador no Governo do PT. Operou para a Petrobras, operou para
Furnas, operou para todos os que nós estamos vendo aí envolvidos na Petrobras.
O Baiano também era um operador pequeno em 2000; hoje é um grande operador, o
crescimento do PT o levou a ser um grande operador e hoje está aí dando
depoimentos.
Mas o que mais me chama atenção é o crescimento do
Cerveró, que era um gerente, a Ver.ª Sofia disse aqui que o Cerveró era um
gerente e virou diretor internacional na Petrobras! Foi o homem que comprou
Pasadena, o homem tratou dos negócios internacionais da Petrobras, o homem
poderoso, que tinha acesso à Presidência da República, ao Conselho da Petrobrás
e cresceu bastante no Governo do PT. Um Governo, como a Vereadora mesmo disse,
que fez 2.195 apreensões! Olhem o número de ladrões, olhem o número de roubos
que foram feitos neste Governo. A maioria desses presos são de amigos do
Governo! O Governo os renega, por exemplo, o caso do Líder do Senado, Senador
Delcídio do Amaral, que foi renegado. Volto a dizer: o que Lula fez com ele o
que Pedro fez com Cristo: ele o renegou. Lula o renegou e não precisou três
vezes, renegou de imediato o seu grande líder no Senado, o homem que o protegeu
no mensalão. O seu Governo participou da base desses escândalos. Somente no
caso das ambulâncias, feito Polícia Federal, quantos processos e amigos seus
foram presos? Uma autonomia conseguida na Constituinte em que o partido da
Ver.ª Sofia Cavedon se negou a assinar. No caso dos Correios, das Furnas, da
Máfia do Sangue, quantos foram presos? E o dos mensaleiros, em que o renegado
Delcídio do Amaral sentou? O mensalão foi o primeiro grande escândalo do
Governo em que o Lula nada sabia – o Lula é uma pessoa que nada sabe. E, agora,
querem dizer que a Presidenta Dilma não sabe. Jogaram todas as suas fichas no
Supremo Tribunal Federal e, ontem, o Ministro Relator, Fachin, disse que o impeachment não é golpe, que é um
processo democrático de Direito e que é válido. O Fachin disse, em quatro
questões do seu relatório, que a Presidente não deveria ter sido ouvida antes;
que o processo de votação do impeachment
foi válido; que as eleições de escolha da Comissão foram válidas, foi um
processo democrático; que o Eduardo Cunha, apesar de todos os processos que
tem, fez certo ao ter encaminhado o processo de impeachment; e que o
Senado dará a última palavra. Então, eu acho que nós estamos discutindo as
pedaladas fiscais que a Presidente deu. Se a Presidente pode dar pedalada, o
Governador também pode, o Prefeito também pode dar pedalada. Eu acho engraçado
que agora não é legítimo o povo ir às ruas, 90% da população ir às ruas pedir
“Fora, Dilma!”, mas muito se pediu “Fora, Itamar!”, “Fora, FHC!”. Já tem mais
de oito pedidos de impeachment do
Governador Sartori. Isso é legítimo. Agora, os pedidos de impeachment da Presidente Dilma Rousseff, que vem tirando direitos
dos aposentados, tirando direitos...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Presidente concede tempo para o término do
pronunciamento.)
O SR. CLÀUDIO
JANTA: ...que mentiu para o povo brasileiro nas eleições, aí é golpe. Não é
golpe, é impeachment. Não é golpe, é
o povo na rua, é o direito democrático do povo de exigir do Congresso Nacional
que a Presidente que mentiu nas eleições seja julgada. E nós vamos julgá-la nas
ruas e no Congresso Nacional.
Está aqui a decisão do Supremo Tribunal Federal no
sentido de que os atos feitos até agora na Câmara Federal foram corretos e
foram aprovados. Então, teremos o processo de impeachment. Que o Congresso decida o melhor para o povo e que o
povo, que está na rua pedindo o impeachment
da Presidente seja ouvido.
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Mauro Pinheiro assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 15h34min.)
* * * * *